segunda-feira, 30 de maio de 2016

Inimaginável

E no sábado, quando Leti foi tirar um cochilo vespertino com o papai, aproveitei para dar uma volta na praia com meu caçula.
 
O desafio era encontrar um mar calmo para um banho gostoso. Como a maré estava baixa, imaginei que seria fácil, mas não sabia que ali em Guarajuba só num ponto específico o mar era mais tranquilo para as crianças.
 
Caminhamos pela areia. Combinei que pediria ao papai para nos buscar de carro, já para motivá-lo a fazer todo o percurso a pé.
 
O sol estava ameno, e a praia repleta do brinquedo que ele mais usou no fim de semana: areia.
 
Fizemos uma parada estratégica no meio do caminho para construirmos castelos, piscinas, dinossauros, escrevermos, desenharmos... E foram momentos nossos, plenos!
 
Dali, uma outra paradinha para um picolé. Para ele, sempre imperdível. No caminho, divertidos pulos sobre as ondas que quebravam na praia.
 
Do picolé para nosso paraíso, foi um tantinho de nada.
 
A tarde se preparava para partir, o mar parecia uma piscina natural, onde diversas crianças se esbaldavam com suas famílias.
 
Inebriados, aproveitamos intensamente cada minutinho.
 
Na volta (a pé, já que a chave do carro veio na minha bolsa), ainda paramos para uma gracinha sobre uma prancha, depois do que encontramos a família que agora iniciava o passeio.
 
Ainda teve energia para brincadeiras entre primos e, só ao final, quando o sol já se punha, ele realmente se lembrou de pedir colo para voltar para casa.
 
Colo que ofereci com muito prazer.
 
Revendo as fotos, me peguei imaginando como seria a vida sem o meu pequeno e eterno companheiro... Inimaginável!
 
 



 

terça-feira, 24 de maio de 2016

Fim de Semana no Rio Quente

 
 
A viagem não estava nos planos. Mas minha irmã resolveu comemorar o aniversário de um jeito diferente e convocou toda a família. Demoramos para ceder à tentação, por conta dos custos, mas acabamos cedendo; e nossa demora acabou fazendo com que viajássemos separados do grupo, por Brasília, e não por Goiânia, como os demais.
 
Fomos por Brasília porque conseguimos as passagens com milhas baixas e também porque a passagem para Goiânia aumentou muito.
 
Para chegar a Rio Quente, alugamos um carro e pegamos o trecho sugerido pelo Google Maps de 300km até o resort, que fizemos em pouco mais de 4 horas.
 
A única coisa que sabia de Rio Quente, até a decisão, era que lá haviam águas termais, o que era um excelente ponto de partida, já que corro léguas de águas geladas.
 
A primeira dúvida foi onde nos hospedaríamos, já que não tínhamos noção da imensidão do complexo.
 
 Inicialmente, por conta do preço, pensamos em nos hospedar em um dos flats que, embora integrem o Complexo, ficam do lado de fora. Mudamos de ideia por causa da dificuldade da mobilidade de Leti, e foi uma sábia decisão.

Definido que ficaríamos dentro do complexo, restaria escolher entre o Hotel Pousada e o Hotel Turismo. O primeiro, mais antigo, mais tradicional e menos caro; o segundo, mais novo, mais moderno e mais caro.

Chegamos a fechar no Turismo porque a diferença de preço do quarto triplo (que acomodava mais uma criança) para o Pousada era irrisória, mas depois mudamos para o Pousada para ficarmos todos juntos.

No final, do nosso grupo de 21 pessoas, 15 ficaram no Pousada e 6, no Giardino. Ambos davam acesso a toda estrutura do complexo e ofereciam o almoço em seus respectivos restaurantes, na diária.

A opção pelo Pousada, a meu ver, foi excelente, porque ele ficava entre o Hot Park (o parque aquático do complexo) e o Parque das Fontes (espaço com as piscinas termais) e também porque oferece melhor estrutura de restaurantes e serviços.

O Turismo fica mais perto do Hot Park e um pouquinho mais distante do Parque das Fontes (embora o trajeto possa ser feito tranquilamente numa curta caminhada).

Achei melhor ficar mais perto do Parque das Fontes porque ele fica aberto o tempo inteiro e estar lá acaba facilitando, no meu caso que tenho filhos madruguentos, o acesso de manhã cedo,  quando é beeeem mais vazio, ou à noite. Como o Hot Park funciona das 9h às 17h, o acesso acaba sendo mais restrito. E, ainda assim, é pertinho também.

Fizemos as reservas através do site do próprio resort, que direciona o serviço à Agência Valetur, porque não achamos opção de comprar pelos sites de hospedagem que normalmente nos atende. O serviço foi bom e a atendente, atenciosa e solícita quando precisamos fazer a mudança de hotel e a inclusão da reserva da minha sogra, que resolvemos levar conosco. Atenderam também o nosso pedido de quarto contíguos, que foi justificado com a dificuldade de mobilidade de Leti.
 
Minhas impressões sobre o Rio Quente Resorts:
 
Achei o check in e check out demorados e um pouco desorganizados. Fiquei muito satisfeita com o meu quarto, mas meus pais e minha irmã acharam os seus apertados; no da minha sogra não havia boxe no banheiro. Achei péssimo não haver serviço de quarto para refeições. Gostei muito do café da manhã e da variedade do almoço e das sobremesas, incluídos na diária. Achei ruim o fato de atrações infantis fecharem às 18h, como o Parque do Sapo no Parque das Fontes e a brinquedoteca no Hotel Turismo. Achei que poderia, considerando o tamanho do complexo, haver mais opções de restaurantes, que praticamente se resumiam aos restaurantes com serviço de buffett em cada hotel, uma pizzaria, um restaurante a la cart (com pouca variedade de pratos) no Pousada, além de um café (ou lounge) em cada, e uma sorveteria (senti falta, por exemplo, de um restaurante de massas). Achei a copa do bebê bem equipada e os funcionários simpáticos.
 
Tudo vendido no hotel era, a meu ver, relativamente caro, mas o hotel disponibilizava itens para as mais variadas necessidades, o que não deixa de ser uma comodidade.
 
Foram 3 noites de hospedagem que passaram voando! Sinceramente, acho que é muito pouco para poder curtir as opções que o espaço oferece.
 
No primeiro dia, como chegamos já à tarde, e o Hot Park estava fechado, aproveitamos o finalzinho de tarde e começo de noite para curtir o Parque das Fontes.
 
Fiquei impressionada com a quantidade de pessoas! Não era feriado, a hospedagem é cara, o país está em crise, mas o lugar estava LO-TA-DO!!! Muitos idosos e muita criança, inclusive bebês.
 
O Parque das Fontes foi, sem dúvida, o meu lugar preferido. Várias piscinas e quedas d´água, quentinhas, todas "irrigadas" por rios que nascem ali, dentro do complexo. As árvores altas e lindas. As enormes e incontáveis teias de aranha, com espécies das mais diversas, perceptíveis mesmo para uma não entendedora como eu. Os rios que cortam a vegetação... Amei aquele lugar! Aquele verde, aquele climinha de aconchego, aquela vibe. (para mim seria dispensável apenas a música alta de entretenimento em horários específicos, mas, ainda assim, não tirou o encanto do lugar).
 
Eu ficaria uma semana ali, curtindo cada piscina, cada cantinho, se pudesse.
 
O Hot Park é outra coisa! Parque aquático, com várias opções de entretenimento, atendendo a todas as idades, praia artificial, rio lento, esportes aquáticos e radicais, animais silvestres, e água naturalmente quentinha. Um paraíso! Mateus se esbaldou! Difícil era tirá-lo do Hot Bum, onde subia e descia, com autonomia e desenvoltura, de todas as atrações acessíveis para sua estatura.
 
 
 
 
 
 
Leti, mais cautelosa, limitou-se a curtir as águas quentinhas pelas beiradas e o máximo que se permitiu foi uma volta pelo rio lento, o que, para mim, foi um avanço.
 
 
 
 
Usamos praticamente todo o segundo dia para aproveitar o Hot Park, mas sem a preocupação de ter que conhecer e usufruir de tudo. Respeitamos o ritmo das crianças e aproveitamos junto com elas. Achei ótimo não haver restrição para os adultos poderem brincar nas atrações dos pequenos.
 
 
 
 
 
 
No final da tarde, como de costume, ficamos no Parque das Fontes e, neste dia, por conta da semana alemã, passou um grupinho desfilando e cantando, atraindo a atenção de todos e incutindo na mente de Leti a música que virou hino da viagem: "1 barril de chopp é muito pouco pra nós, 2 barris de chopp é muito pouco pra nós...". Ainda tentamos adaptar para uma versão kids (1 copo de suco é muito pouco pra mim...), mas não deu muito certo.
 
 
 
 
 
 
Como as crianças dormiram cedo, saímos em busca de um restaurante diferente para jantar, mas não tivemos muito sucesso. Eu jurava que havia um a la cart no Turismo, mas acabamos comendo um sanduíche no lounge Stella Artois. Na saída, no caminho para o Pousada, passamos pelo teatro onde estava havendo uma apresentação musical muito boa. Pegamos só o finzinho mas valeu à pena!
 
No dia seguinte, nosso último dia inteiro lá, resolvemos conhecer o Eco Aventura. Agendamos um passeio de bike para as mulheres e as crianças ficaram com os outros adultos curtindo o espaço que é mais direcionado para o turismo ecológico e de aventura. Este foi meu único arrependimento da viagem! Como o tempo foi curto, acho que não valeu à pena perder uma manhã inteira para fazer um passeio de bicicleta pouco atrativo, enquanto as outras pessoas aproveitaram apenas uma piscina.
 
O lugar é longe (precisamos ir no ônibus do resort), pago à parte (quando tínhamos duas excelentes atrações grátis) e sem muita variedade.
 
O bom foi que tivemos uso quase privativo da piscina e todo mundo se divertiu bastante. Aliás, o simples fato de estar junto já era motivo de diversão. Mas não iria de novo e não recomendo para quem não está buscando as atividades oferecidas pelo espaço e para quem tem pouco tempo.
 
 
 
 
 
 
 
Neste dia, voltamos para fechar o Hot Park, na saída aproveitamos o Parque das Fontes e ainda jantamos no Bar Brahma para comemorar o aniversário de minha única e muito amada irmã. O bolinho (de-li-ci-o-so) encomendado no Café, foi a sobremesa surpresa para cantarmos seus parabéns.
 
 
 
 No dia seguinte íamos embora e teríamos que fazer check out às 10h.
 
Já sentindo o gostinho de quero mais, levantamos cedo e às 7h estávamos curtindo o Parque das Fontes, em família. Foi hora de atualizar as resenhas, tirar fotos e começar a lamentar o fim da maravilhosa viagem.
 
 
 
 
 
 
 
Resolvemos voltar por Goiânia mesmo aumentando o percurso em 70km, para almoçarmos num lugar legal com todo mundo e pegarmos uma estrada melhor. No final, nem sentimos a diferença, por conta da parada.
 
 

O balanço pós viagem foi extremamente positivo! Só o fato de estar entre pessoas tão queridas já era meio caminho andado para ser um sucesso, dentro daquele cenário cinematográfico, então, ficou ainda melhor!
 
Foi excelente ter essa oportunidade de estar mais próxima da família e testemunhar a alegria dos meus filhos no contato com a natureza e com as infinitas possibilidades que ela sempre oferece: Mateus se encantou com as aranhas, eu com as árvores, Leti com as piscinas quentinhas. Eu vi cobra (morta), pedalei, relaxei. Me diverti com mãe, sogra e sogra da irmã. Esqueci do mundo, me entreguei ao momento. Comemorei com minha irmã o dia do seu aniversário e a graça da sua vida, que tanto enriquece a minha. Ampliei o repertório de experiências com estas pessoas que são tão importantes e minha vida!
 
Saí renovada e, embora não tenha externado como Leti, no caminho de volta para Brasília, queria muito em breve estar pegando aquela estrada para retornar ao Rio Quente.
 
E você, já foi ao Rio Quente, menina? Não? Então vá!
 
 

terça-feira, 17 de maio de 2016

Despreocupadamente Preocupada

Em casa tenho 3 filhos e 3 experiências completamente diferentes em relação ao processo pedagógico.
 
Lipe leu muito cedo, desenvolveu rápido o conhecimento lógico-matemático, mas em compensação, tinha dificuldades com interpretação e com o exercício da criatividade.
 
Leti está com seu processo em atraso, ainda não se alfabetizou, tem grande resistência às ciências exatas, apresenta grande facilidade ao aprendizado de línguas e se sai bem com temas relacionados a ciências e estudos sociais. Em virtude da excelente memória, relativamente cedo aprendeu as letras do alfabeto e, pelo menos, uma palavra relacionada a cada uma.
 
Mateus não identifica letras (apenas algumas do seu nome), reconhece números e identifica bem quantidades, se interessa por inglês, embora não seja disciplina da escola, e, diferentemente dos irmãos, usa e abusa da criatividade tanto nos assuntos relacionados à escola, como tantos os outros que permeiam a sua rotina.
 
E como eu fui mudando também ao longo dos anos, vinha adotando, com Mateus, a postura de respeitar o seu tempo, sem antecipar nada, nem oferecer qualquer atividade "lúdica" que tivesse como objetivo estimular qualquer espécie de aprendizado formal. Estava deixando a condução do seu trabalho pedagógico com a escola, até porque, em momento algum, ele sinalizava o interesse de enveredar por esta seara em casa.
 
Mas há aproximadamente um mês comecei a me preocupar.
 
Fui buscá-lo na escola e me espantei, ao ver exposta uma atividade sua dentre a dos colegas de sala na qual havia a escrita completa do seu nome.
 
Aquilo me soou tão estranho. Ele nunca tinha sequer dado indício de que conhecia as letras (exceto o M, que dizia ser simplesmente a letra do seu nome), imagina escrevê-lo.
 
Questionei a professora e ela me respondeu que todos iniciavam o processo de escrita do próprio nome, olhando a respectiva ficha de identificação.
 
Confesso que fiquei desconfiada!
 
Cheguei em casa, coloquei o nome dele na tela do computador e pedi para escrever. Só saíram rabiscos. Mais desconfiança.
 
Marquei uma reunião com a coordenadora pedagógica.
 
Estava na verdade cheia de dúvidas! Estava preocupada de estar despreocupada demais e ter chegado a hora de aproximar mais meu filho de conteúdos escolares. Mas eu sabia que o MEC não previa, nas diretrizes curriculares para a educação infantil, a exigência de conteúdos formais. Por que a escola estaria trabalhando a escrita com as crianças de 4 anos?
 
Entre a data da marcação e o dia efetivo do encontro, que acabou sendo com a diretora da escola, porque a coordenadora estava de licença médica, uma surpresa. Enquanto tomava banho com Mateus, pude observá-lo espontaneamente, e sem que eu esperasse, escrevendo seu nome no vidro embaçado do banheiro. Quase estatalei, e me tranquilizei em relação à desconfiança inicial.
 
Mas dúvidas persistiam. Não queria ser uma mãe relapsa!
 
Basicamente, queria entender por que a escola começava um processo de letramento e o que fazer em casa para ajudar no processo de aprendizagem do meu filho.
 
Da conversa, que me tranquilizou completamente, compreendi que o processo de escrita do nome tem muito menos haver com o início da alfabetização que com o reforço da construção da identidade.
 
Ela me explicou que o trabalho com a educação infantil tem como maior escopo trabalhar com habilidades sociais, competências motoras, afetivas, autonomia, identidade.
 
Explicou, ainda, que a aproximação com o nome, a partir da ficha que eles acessam desde cedo, busca consolidar a construção da identidade, e promover, de maneira gradativa e significativa, o ingresso no mundo letrado.
 
Mostrou que a alfabetização hoje em dia é trabalhada de maneira bem diferente da minha época, quando se partia do pequeno para o grande (de letras para sílabas, depois para palavras, frases, textos...), e a técnica era alicerçada em repetições e uso da memória.
 
Dizia que a preocupação atualmente é que o processo de alfabetização tenha sentido para as crianças, para que, além de repetidoras, elas possam ser sujeitos dos respectivos processos.
 
Exemplificava contando que na sala havia exposto o texto da cantiga "A Canoa Virou", que a professora mostrava na turma, preenchendo o espaço que seguia à frase "foi por causa de... ", com o nome de cada uma das crianças ao longo de determinado período. O objetivo da atividade era apresentar e significar o texto, mostrando a mudança do significado com o preenchimento do nome das crianças e, também, a função social da escrita.
 
Acrescentava que o trabalho com o próprio nome era o ponto de partida para o aguçar da curiosidade dos pequenos, que acabava por desencadear um natural processo de alfabetização. A experiência permitia também olhar o nome do outro, e aprender a partir daí.
 
Comecei a me lembrar de alguns sinais que Mateus vinha me dando. Na nossa leitura noturna, quando no livro "Carinhos", ele colocava o pé no livro, para eu falar que o bebê sentia o seu chulé, ele passara a ter o cuidado de não colocar mais o pé em cima do texto, mas só da ilustração, deixando claro que não queria atrapalhar a minha leitura. Ele, do nada, ao ver a letra J, instantaneamente falou "de Joana" (sua colega de escola) e, há uma semana, vem escrevendo a letra H e dizendo que tem esta letra no seu nome (porque na turma há 4 Mateus e em todos os outros nomes há o H).
 
A diretora me dizia, ainda, que era comum que o reconhecimento sistemático das letras só viesse na última etapa do processo e que eu não deveria me ocupar em ensiná-lo nada relacionado a leitura e escrita.
 
Meu papel, nesta sua fase da vida, deveria ser o de proporcionar experiências instigantes, deixar com que trabalhe seu corpo, que exerça sua autonomia, ajudar na construção da sua autoestima, dos laços afetivos..., tudo que, modestamente, já venho fazendo, e com muito prazer.
 
Eu, que aprendi a compreender o tempo de maneira diferente, saí aliviada de poder continuar despreocupada e tranquila por ter reforçada a sensação de ter escolhido uma escola que traduz exatamente aquilo que busco para meus filhos.
 
 
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