segunda-feira, 4 de abril de 2016

Difícil decisão

Quando dei meu sinal verde para um cachorrinho em nossa casa, como relatei aqui, não imaginei que seria tão difícil!
 
A referência que tinha era dos pets de duas amigas queridas, que são da mesma raça de Lola, e que sempre foram verdadeiras ladies. Mas aqui em casa a coisa era diferente!
 
Desde que chegou, Lola começou a dar mostras da sua natureza temperamental: demorou para fazer as necessidades no lugar certo (e ainda não estava 100%), latia, rosnava, espalhava papel higiênico sujo pela casa, destruía coisas, pulava em cima das pessoas, mordia (fraquinho, mas mordia), fazia xixi caso alguém brigasse com ela...
 
Por várias vezes, cogitei doá-la por não aguentar suas "aprontações", mas sempre acabava voltando atrás. Mas ontem ela não teve outra chance.
 
Ao acordar, dei de cara com uma sandália (que havia rodado a cidade inteira procurando para comprar) completamente destruída, numa semana em que ela já havia comido o bico do meu scarpin preferido e destruído o cadarço do sapato de Samir.
 
Eu poderia ter optado por tentar aprender a não deixar sapatos no chão (o que sei, seria impossível), por procurar um adestrador, ou até por me tornar uma pessoa zen e não me importar com as dezenas de coisas destruídas nos últimos 8 meses em nossa casa. Mas confesso: procurei o caminho mais fácil e, com o aval de Samir e de Lipe, doei Lola (Leti e Mateus foram avisados, não consultados).
 
Quando Mateus acordou, a decisão estava tomada. Já havia conversado com Leti, que aceitou bem, e restava a conversa com ele, que eu sabia que seria a mais difícil.
 
Expliquei o que ela havia feito, lembrei de tudo que vinha fazendo ao longo do tempo, disse que eu estava ficando muito nervosa, que não estava conseguindo dar conta e que tínhamos conseguido uma casa nova para ela, onde as pessoas tratariam dela com carinho (o que de fato levamos em consideração ao definir a quem faríamos a doação) e onde ela seria feliz.
 
Ele obviamente resistiu, disse que gostava dela, que não queria dar e, quando a mãe da colega de Leti chegou para buscá-la, bateu pé que queria ir junto. Meu coração ficou do tamanho de uma azeitona! Me senti a pior das mães, mas não dava mais para voltar atrás (e eu não tinha estrutura psicológica para voltar atrás).
 
Consegui convencê-lo a deixá-la ir, mas ele ficou todo choroso ao bater a porta. Acabei ruindo junto com ele. Sem conseguir conter as lágrimas, disse que também estava triste, mas que eu não estava conseguindo ficar tranquila com tanta coisa que ela vinha aprontando, falei que poderíamos visitá-la e assegurei que ela ficaria feliz.
 
Quando ele percebeu que eu havia começado a chorar também, imediatamente enxugou suas lágrimas e me disse que queria tomar sorvete, deixando evidente sua intenção de me consolar, tirando o assunto da pauta. Fiquei de queixo caído com sua reação, acompanhei meu pequeno no sorvete e guardei o tópico para minha próxima sessão de terapia...

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