quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Notícias do Desfralde

Já se vão quase dois meses desde o início do desfralde de Leti.

Hoje olho para trás e, apesar de passar por dias em que a paciência insiste em me abandonar, vejo que a decisão que tomamos  não poderia ter sido mais acertada.

Não que esteja tudo resolvido. Ainda temos um longo caminho pela frente, mas os resultados que já obtivemos surpreenderam a todos.

Nossa  matéria prima era uma garotinha que mal conhecia o corpo, não demonstrava quando fazia xixi ou cocô na fralda, pouco se importava se ficasse suja e, pior, poderia ficar um tempão absorta, brincando com sua urina ou com suas fezes.

Sua consciência corporal melhorou sensivelmente. Sua autonomia também. Hoje, xixi no chão é exceção. Inclusive na rua. (vocês devem imaginar como estou feliz...).

A pior fase, para mim, foi a volta às aulas.

As duas primeiras semanas foram um desastre! Nada de xixi no vaso. Cheguei a deixar na escola o redutor de assento que ela usava em casa e para sair (e comprei outro igual para deixar em casa), pra ver se, familiarizada, ela se propunha a colaborar, mas não ajudou muita coisa.

Nas semanas em que começamos o desfralde, nas férias, ela vinha usando quase que exclusivamente o penico. Com o início das aulas, passamos a incentivá-la a usar o vaso em casa, para facilitar o processo na escola.

Mas, passadas duas semanas, nada de progressos.

Fui (desesperada) conversar com a pró e perguntar-lhe o que achava de eu deixar um penico na escola, já que em casa seu controle estava muito melhor. Ela, muito elegantemente, disse que isso nunca tinha acontecido antes e pediu que eu tivesse paciência porque o processo de desfralde de qualquer criança era complicado e poderia demorar muito tempo, como já havia acontecido diversas vezes na escola, com crianças típicas e especiais.

Fiquei mais tranquila e decidi aguardar o tempo dela.

Tudo foi acontecendo devagar. Na terceira semana, um xixizinho despretensioso no vaso, e outro no chão; passados alguns dias, um no vaso e outro no chuveiro (eles tomam banho antes de voltar para casa); tiveram dias em que só houve xixi no vaso; outros em que o xixi ficou pelo chão mesmo... Mas ela nunca pedia. A auxiliar, de tempos em tempos, a levava para ver se queria fazer alguma coisa (como tínhamos combinado) e quando coincidia com sua vontade, ela fazia.
 
Em casa, o processo estava mais adiantado. Raramente fazia xixi no chão. 

No início, começamos a anotar os horários em que bebia algo e em que fazia xixi, para tentarmos entender sua rotina. Percebemos que, durante o dia, ela espaçava mais ou menos duas horas entre um xixi e outro. À noite, descobrimos que seu hábito era diferente. Num intervalo de tempo de aproximadamente uma hora e meia (entre o banho pós sopa e a hora de dormir), ela quase sempre urinava três vezes. E isso foi um problema! Porque, invariavelmente, pelo menos, um desses xixis ia no chão. O hábito continua o mesmo, mas estamos mais diligentes e temos conseguido evitar os acidentes nessa hora.

Apesar da melhora, no primeiro mês ela ainda não pedia para fazer xixi. Até que começou a pedir. Muito tímida e esporadicamente. Pedia um dia, ficava três sem pedir... Pedia em casa, não pedia na escola, nem na rua...
 
Até que cheguei na escola e a pró me contou que ela havia pedido para fazer xixi. Fiquei radiante! O processo na escola tem sido parecido; tem dias que pede, outros não. 
 
Nas terapias também nunca tinha pedido. Mas, na semana passada, quando estava no meio da sessão com a TO, mencionou que queria fazer xixi. Levei-a rapidamente ao vaso e ela, um pouco depois de se sentar, urinou. 

Na mesma semana, por duas vezes, no carro, também falou que queria fazer xixi. Na primeira, eu já estava estacionando o carro na garagem, quando voltávamos da escola. Larguei mochila, bolsa, celular e tudo mais no carro, peguei-a no colo e subi o mais rápido possível. Assim que coloquei-a no vaso, ela urinou.

Da outra vez, estávamos no meio do caminho para a casa de minha mãe e ela falou. Fiquei super preocupada, porque ainda estava longe. Falei que íamos para a casa da vovó, que ela teria que esperar um pouquinho, mas que ela faria o xixi lá. Fiquei tensa, monitorando, mas ela conseguiu se segurar até chegar à casa da vovó.

Por orientação da TO, aboli as fraldas por cima da calcinha para sair. E acho que ela tem razão. Agora que ela já está mais adaptada, já começa a sinalizar a vontade de fazer xixi, acho que pode confundi-la usar a fralda de vez em quando. A única exceção é quando ela for para algum lugar onde não haja banheiro para fazer xixi caso sinta vontade.

Isso aconteceu conosco no zoológico. É claro que no zôo tem banheiros. Mas não em todo o percurso. Há 3 semanas (eu ainda usava a fralda por cima da calcinha em algumas ocasiões), fomos ao zôo e quando paramos para ver os macacos ela falou que queria fazer xixi. Olhei ao redor e não tinha nenhum banheiro por perto. Como ela estava de fraldas, falei que poderia fazer o xixi porque estava de fraldas e troquei logo em seguida. Mas me senti péssima! Ela tinha o direito de fazer seu xixi no vaso já que exteriorizou sua vontade a tempo. Fiquei frustrada por ela. Mas, por outro lado, se estivesse sem fralda, talvez não conseguisse se segurar até eu encontrar um banheiro... Nunca vou saber.

Hoje, depois da experiência do carro, acho que posso deixá-la sem fralda porque ela tem condição de se controlar até que possamos encontrar um lugar adequado para fazer seu xixi. Valeu a experiência!

Mas, apesar desses fatos isolados, e de outros momentos em que ela manifestou a vontade de fazer xixi em casa, isso ainda não é a regra.

Há duas semanas, ela fez xixi no chão da entrada do teatro. Fez na sala da fono a semana passada. Na quadra do prédio no final de semana. E, de vez em quando, faz no chão de casa e na cadeira do carro (nesses quase dois meses, acho que, no máximo, 5 vezes).

O processo de desfralde, portanto, ainda está em franca ebulição. Mas, não se pode negar, com significativos avanços.

Quanto às fezes, está um pouco mais atrasado. Ela nunca pediu para fazer cocô. Se solta uns punzinhos suspeitos, levamos ao vaso e, vez por outra, ela faz seu cocô ali. Se coincidir com a vontade, faz. Não tem resistência ao vaso para defecar, como Lipe tinha. Mas se não adivinhamos, o cocô vai na calcinha mesmo. O papai, vira e mexe, é surpreendido na equoterapia com episódios como esse, que são culminados com a calcinha na lata de lixo.

Mas estou tão satisfeita com os resultados que estamos tendo que isso não tem me preocupado.

Ela já me deu provas mais que suficientes de que, no tempo dela, tudo se resolve.

Um comentário:

Vaneska disse...

Ah... Que ótimo Jana, é isso mesmo, tudo no tempo dela se resolve! Leti está ótima e estou muito orgulhosa da sua persistência... Sucesso para vcs nos próximos dias, estou aqui na torcida!!!
Beijos.

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