segunda-feira, 11 de junho de 2012

Cada um no seu quadrado

Há tempos estou com vontade de escrever sobre a nossa experiência com a cama compartilhada. E, coincidententemente, recentemente, alguns blogs amigos trataram do assunto.

Por imposição do destino, nos primeiros (15) meses de vida de Lipe, dividimos com ele o mesmo quarto, já que moramos, durante este período, na casa dos meus pais.

Com a compra do nosso primeiro apartamento, e com a proximidade da mudança, uma coisa eu tinha como certa: Lipe dormiria em seu quarto.

Imaginei que fosse ser difícil acostumá-lo a dormir sozinho depois de tanto tempo dormindo no mesmo quarto que a gente, mas me surpreendi com sua adaptação imediata. Desde o primeiro dia dormiu sozinho em seu quarto, sem demandar qualquer estratégia de transição.

E é o que acho certo. Cada um no seu quarto. Reforça a autonomia da criança, resguarda a intimidade do casal e, no meu caso, o mais importante, assegura a minha qualidade de sono, já que minhas crianças só faltam lutar boxe enquanto dormem.

Leti dormiu em nosso quarto até seu segundo mês de vida. A intenção era diminuir minhas idas ao seu quarto para amamentá-la, já que ela precisava ser acordada de 2 em 2h para mamar, para recuperar o excesso de peso perdido ao nascer.

Depois disso, passou a dormir em seu quarto. Com uma diferença: acompanhada de uma babá eletrônica que, ruidando a cada gemido seu, me fazia pinotar da cama. (na época de Lipe, apesar d´eu não ter babá eletrônica, ouvia cada gemidinho seu no quarto ao lado, ainda que com a porta fechada. Ouvido de mãe é apurado!)

Com Mateus, foi diferente! Nossa casa estava um caos. Chegamos na casa nova todos juntos, ou seja, me mudei na saída da maternidade e, tirando a cozinha, o único cômodo pronto da casa era o seu quarto. No seu quarto, além do berço, há uma cama auxiliar, então, a solução que encontramos para adaptar todo mundo à nova realidade (casa nova, irmão novo) foi eu dormir em seu quarto com ele e Samir dormir em nosso quarto com Leti.

Foi assim em todo o primeiro mês de vida de Mateus, enquanto Samir esteve de férias (e eu de resguardo rs).

E foi engraçado no primeiro dia. Já devo ter falado sobre isso aqui. Lipe, ao perceber que Samir dormiria com Leti e que eu me preparava para dormir com Mateus veio reivindicar seus direitos perguntando com quem ele dormiria. Expliquei que como ele não acordava mais de madrugada, não precisávamos dormir com ele porque ele não demandaria nenhum cuidado noturno. Ele disse entender, mas deitou ao meu lado, na cama de solteiro do quarto de Mateus para conversar, e acabou adormecendo por lá. Dormimos os dois espremidos e quando acordei para amamentar Mateus não consegui voltar para a cama porque ele tomou todo o espaço.

Quando Samir voltou a trabalhar, fui contra todos os meus princípios, e coloquei os três no meu quarto. Lipe e Leti na cama comigo e Mateus no berço portátil ao lado. Achava que Mateus não se adaptaria, já que não gosta muito de ar condicionado (sem o que os outros dois não dormem), mas tudo correu bem nos primeiros dias. Aliás, mais ou menos bem.

Senti mais segurança em ter todos por perto, acho que eles compartilhavam da mesma sensação, mas amanhecía exausta, porque não conseguia dormir direito com os gemidos dos três e com a agitação de Lipe (principalmente) e de Leti.

Esta situação durou pouco tempo.

Logo mandei cada um para seu canto. E voltei a dormir no quarto com Mateus, colocando a babá eletrônica no quarto de Leti. Pelo menos minha integridade física estava resguardada (rs).

Quando Samir chegava, no fim de semana, a babá eletrônica ia para o quarto de Mateus e o ouvido apurado era ligado para atender aos anseios de Leti. Foi assim por um tempo. 

Até que percebi que Mateus já não precisava da minha presença constante em seu quarto. Passou a dormir 6 horas seguidas à noite, acordando apenas uma vez para mamar e voltando a dormir logo em seguida.

A partir deste dia, me dei ao luxo de dormir só (durante a semana) em minha nova-big-cama. E como foi bom! Nos primeiros dias, a sensação de deitar só na minha cama e relaxar (de verdade) para dormir foi indescritível!

E assim tem sido até hoje. A babá eletrônica fica no quarto de Mateus e é acionada apenas uma vez por noite (normalmente). Como seu quarto é próximo ao de Leti, capta também o som da minha pequena quando acorda reclamando. Quando a babá não capta sua reclamação é porque resmungou pouco e voltou a dormir, então melhor que eu nem tome conhecimento mesmo (quando essa menina vai aprender a dormir a noite toda???) E quando eu demoro a atendê-la ela desce da cama e sai do quarto para procurar por companhia, o que é um grande avanço em matéria de autonomia.

Mas não sou tão xiita em relação à cama compartilhada. Aceito (e até prefiro) compartilhá-la em caso de doenças, afinal, ter mãe por perto quando se está vulnerável é tudo de bom. Permito uma concessão, de vez em quando, diante de um pedido carinhoso e desmotivado de Lipe para dormir junto comigo quando o pai está longe (e nestes dias, me preparo para dormir espremida num cantinho da cama e ser vítima dos seus chutes.) E não resisto a um "qué dumí na cama de mamãe", quando Leti faz este pedido (o que é raro. Ela normalmente dorme em minha cama durante o dia). E, em muitas vezes, quando necessário, sou eu quem compartilha o quarto deles, dormindo toda a noite na cama auxiliar que há no quarto de cada um dos três.

Enfim, acho que meus filhotes têm que usar os quartos lindos que fizemos para eles para sua finalidade principal, que é dormir. Mas isso não significa que não terão o carinho materno nesta hora. Até que adormeçam, pelo menos com os pequenos, estou sempre por perto, seja ninando, cantando, lendo um livro ou contando uma história; mas embalado o sono, acho que também tenho o direito de dormir o sono dos justos. Só e em segurança!


imagem daqui

3 comentários:

Anônimo disse...

Janaina,tudo bem ?meu nome e Carla...conheci seu blog atraves de Andrea do "Lagarta vira pupa" e fiquei encantada com seus textos,sua sensibilidade pra escrever tudo oque sente...sua familia...compartilho com vc a preocupacao e o amor incondicional e imensuravel que ser mae e principalmente de uma crianca especial...(desculpe pela falta de acentos)...to nessa luta tb um pouco perdida e fiquei muito feliz em ler no seu blog que vc mora no predio que irei morar...segue meu email....carlladiniz@yahoo.com..queria saber quem sao as profissionais que acompanham Leti..se puder me escrever ficarei imensamente feliz..bjos
carla

Janaína Mascarenhas disse...

Carla, respondi seu email no mesmo dia e ele voltou. Tentei de novo outra vez e aconteceu a mesma coisa. Me manda um email que te mando as referências: janainamascarenhas@gmail.com

F.Cristina disse...

Querida Jana

Enquanto escrevo aqui Milena dorme feliz ao meu lado :) Eu adoro! Quando o pai viaja ela se apossa do lugar do papai, quando ele chega a primeira pergunta é: onde vou dormir?
Sou como você, sem extremismos...
Com minha autistinha tudo o que preciso é de muita programação antecipada, um trabalho gradativo e sempre que possível antecipação :)
Um beijo beeemmm grande!

Cris e Milena - Mundo da Mi

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