quinta-feira, 10 de maio de 2012

25 minutos


A noite foi pesada. Mateus, que só estava acordando uma vez por noite, dormiu cedo ontem e acabou acordando duas vezes, sendo que, das duas, demorou mais que o habitual para voltar a dormir. Leti acordou uma. Então, ao espremer numa peneira minhas horas de sono, nem sei quantas me restaram.

O que eu mais queria era que minhas digníssimas secretárias acordassem, para eu entregar meus dois bebês e voltar a dormir, sem babá eletrônica ligada do meu lado.

E assim foi. Terminei de amamentar Mateus às 6:50h, entreguei-o a Val e voltei para minha cama aconchegante para dormir. Antes, programei o despertador para às 7:50h, já que às 8:40h eu teria que estar na escola de Lipe para a missa do dia das mães.

Mas, 25 minutos depois que eu me deitei, às 7:15h, o telefone tocou. Já dormía um sono profundo, mas despertei com o barulho. Obviamente, não me levantei para atender e, ao perceber que alguém já havia atendido, me esforçava para voltar a dormir. Até que batidas na porta do meu quarto anunciavam que meus planos estavam indo por água abaixo. Intuição de mãe não falha! Era Lipe. Só percebi depois de alguns segundos porque a ligação estava com um chiado horrível: 

- Mamãe, a missa é 7:40h.
- Como? Você não disse que era 8:40h????
- Mas não...
- Tá, tô indo.

Dei um pulo da cama. Tinha 25 minutos para me aprontar e percorrer 5km até a sua escola (rezando para o trânsito - inimigo nosso de cada dia - ajudar).

Vesti a primeira roupa que vi pela frente, e que sabia que fecharia no meu esbelto corpinho 12kg acima do peso (sim, o banho ficou para uma hora mais oportuna. Fiz como  meu cunhado, que não foi apelidado de Pig à toa: tomei banho para dormir e nem suei...), abri mão do café da manhã, peguei a chave do carro e saí dirigindo como uma louca.

O trânsito, para minha sorte, colaborou, só enfrentei um pouco de congestionamento já na rua da escola. Às 7:45h eu estava sentada no banco da igreja, assistindo à linda missa das mães, preparada pela escola.

Demorei alguns minutos para localizá-lo entre tantos alunos das seis turmas do 5º ano. Do lugar onde sentei, não conseguia avistá-lo, nem seus colegas. Resolvi mudar de lado, e logo lhe vi, na terceira fila, sentado ao lado da professora. Toda hora virava para trás, certamente procurando por mim. Quando me viu, abriu um sorriso gostoso, misto de felicidade e alívio, e, a partir de então, ficou mais concentrado na missa.

Agradeci a Deus por ter feito tudo para que eu conseguisse chegar a tempo.

Há uns dois anos, ele havia esquecido de me avisar da missa (a escola não manda convite por escrito, a criança que deve avisar os pais), e, por isso, acabei não indo. Ele chegou em casa triste, dizendo que só ele tinha ficado sem a mãe. Imagina o tamanho que ficou meu coração... O episódio não podia se repetir.

No final da missa, o padre entregou uma medalha de Nossa Senhora de Fátima e pediu que os alunos a dessem de presente às suas mães e ficassem sentados ao seu lado, em momento de comunhão, enquanto ele passava para abençoar a todos com sua água benta.

Ficamos abraçados juntos, com ele no meu colo, e, mesmo sem dizer nada a respeito, fiquei pensando no quanto tinha sido bom abrir mão do sono, do banho e do café da manhã, para ter aqueles minutinhos ali com o meu pequeno.



Um comentário:

Carolina disse...

Amiga, na sexta foi meu dia de participar desse encontro. É tão bom, né? Ví uma menina chorando tanto com a professora (provavelmente a mãe não tinha ido). Temos que aproveitar enquanto eles querem ficar o tempo todo com a gente, por mais cansativo que seja...

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