quarta-feira, 27 de abril de 2011

Precisamos Conversar

Duas palavras. Um efeito aterrorizante.

Meu pai me ligou no domingo à noite e anunciou: precisamos conversar. Amanhã à noite passo em sua casa.

Mas não pode adiantar o assunto???

Nada demais, uma conversa informal...

Talvez porque tudo em nossa família tenha sido sempre resolvido na base conversa, das coisas mais banais, às mais graves, é que sempre temi mais um "vamos conversar" do que uma mão levantada.

Mil coisas passaram pela minha cabeça.

Precisava avisar com 24 horas de antecedência? Por que não, simplesmente, apareceu, e disse que vinha para uma conversa?

Imaginava: vai falar que acha que não estou brincando direito com Leti, que não estou cuidando bem de Lipe, que não estou dando a atenção devida a minha mãe... Nessas horas, todas as minhas culpas vêm a minha cabeça. Samir achava que ia nos chamar atenção por termos gastado demais nos EUA (rs).

Quando ele e minha mãe chegaram, ainda fazendo rodeios, pedi que fossem direto ao assunto.

Vieram me dar um puxão de orelha (como tantos outros).

Falaram que têm me observado, e têm percebido que tenho vivido muito em função de Leti e esquecido de mim, perdendo muito em qualidade de vida. Meu pai disse que percebe que tem recebido minhas atualizações do blog por email sempre depois da meia noite, e que sabe que não tenho qualidade de sono, porque sou eu que acordo com Leti (que dorme muito mal) e que ainda tenho que acordar cedo no dia seguinte.

Sugeriu que pagasse alguém para dormir com Leti pelo menos 3 vezes por semana, para eu poder dormir bem, e que propusesse um esquema de revezamento com as secretárias para, de 15 em 15 dias, ter alguém em casa aos domingos, para ficar com Leti quando quisermos sair ou fazer algum outro programa que não inclua crianças.

Ouvir que a queixa era sobre a minha falta de cuidado comigo mesma me aliviou um pouco, confesso.

Mas a conversa era um convite à reflexão.

E, embora não tivesse percebido, e nem ache que esteja vivendo em função de Leti, não posso negar que neste ano esqueci um pouco de mim mesmo.

Queria aproveitar a boa fase de Leti, cheia de novas descobertas, para ficar mais próxima dela e estimulá-la mais. Por isso, pedi exoneração do meu cargo comissionado no trabalho, passei a ir ao trabalho todas as manhãs para ficar com as tardes livres para as crianças (as pendências são resolvidas à noite), saí do espanhol (para liberar a manhã para o trabalho), parei de malhar (coisa que fazia no final das manhãs que não ia ao trabalho).

Descobri, e me desesperei, que engordei 12kg em um ano!

Acho mesmo que preciso reavaliar algumas coisas em minha vida.

Mas as sugestões de meus pais são tão difícieis de por em prática...

Colocar uma estranha para dormir com Leti está completamente fora dos meus planos. E exigir da babá, que acorda antes das 6h para colocar o café de Lipe, que perca a noite com Leti também não me parece muito sensato.

Quando Samir está em Salvador, é ótimo (estou aproveitando sua última semana de férias), porque ele acorda com Leti e dá conta do recado. Quando a babá acorda, ele pode dormir e descansar a noite perdida.

Fora este help esporádico, sinceramente, não vejo solução para este problema.

Quanto à pessoa em casa aos domingos, também tenho forte resistência. Acho uma comodidade ter em casa uma pessoa para cuidar das coisas das crianças e outra para cuidar da casa, da roupa, da comida. Mas, por outro lado, gosto de ter um dia semana só para a gente. Mesmo que a casa fique uma zona (porque só arrumo as coisas quando estou a fim), acho bom cuidarmos uns dos outros sem um estranho no meio. É verdade que Samir se sacrifica um pouco, porque como ele fica a semana fora, normalmente ele assume as noites mal dormidas de Leti, sem ter uma babá para entregá-la às seis nas manhãs de domingo. Mas ele não se queixa. Pelo menos, comigo.

Fora que o esquema de folga das meninas daqui de casa já está estabelecido, e mexer nisso depois de tanto tempo talvez me causasse algum transtorno.

Enfim, acho difícil operacionalizar as sugestões dos meus amados pais, mas a conversa serviu para eu refletir um pouco sobre a minha vida e tentar mudar algumas coisas.

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